Outros conceitos

Showroomprive: "Um modelo de empreendimento rentável e sustentado"

Nasceu em 2006 da conjugação de ideias de Thierry Petit e David Dayan. Hoje em dia, a Showroomprive emprega mais de 500 funcionários e opera em oito mercados europeus, Portugal incluído.


Com um total de 13 milhões de utilizadores registados e com uma faturação que em 2013 deverá rondar os 350 milhões de euros, assume-se como "um modelo de "empreendimento" rentável e sustentado.

Quem o diz é Thierry Petit, fundador e atual CEO da empresa, a quem o TeK colocou algumas perguntas, na altura em que o projeto de ecommerce está a comemorar um ano de existência em Portugal, com a previsão de 12 milhões de euros de receita.

TeK: O Showroomprive em Portugal funciona como nos outros países?
Thierry Petit: Sim, o modelo de negócio é exatamente o mesmo: somos um site de vendas privadas online, especializado em moda. Fazemos a gestão de acordos com marcas exclusivas para que vendam o stock que sobrou das suas coleções, através da nossa plataforma, com descontos entre os 30% a 70%.
Só se pode comprar no Showroomprive quando se é um utilizador registado. Atualmente em Portugal temos 500.000 utilizadores registados - 81% dos quais mulheres, valor que contrasta com os 70% em outros países. Um número excelente se tivermos em conta que lançámos o Showroomprive.pt apenas há um ano.
O registo é gratuito. As marcas que estão à venda em Showroomprive.pt atualizam-se todos os dias, com campanhas que duram cerca de cinco dias. Isto significa que os utilizadores recebem diariamente uma newsletter com diferentes propostas de marcas.

TeK: Que balanço faz deste primeiro ano de existência em Portugal?
T.P.: Como tudo, houve um período de adaptação em que uns perfis se mostraram mais ativos que outros, fazendo compras e começando a criar tendência em seu redor.
Em Portugal, as pessoas de Lisboa e do Porto são aquelas que realizam compras com maior frequência, mas as cidades mais pequenas têm vindo a crescer no ecommerce nos últimos 10 meses. A verdade é que Portugal acabou por ser uma surpresa para nós, no sentido em que não esperávamos um êxito tão repentino e desta dimensão.

TeK: Que vantagens pode oferecer um mercado como o português? Por outro lado, quais os seus maiores handicaps?
T.P.: Portugal tem menos empresas de comércio eletrónico a operar no país, o que supõe uma vantagem e uma desvantagem. Uma vantagem porque há menos concorrência, mas ao mesmo tempo uma desvantagem porque quantas mais empresas de ecommerce existirem num mercado, mais "evangelização" se faz das virtudes do comércio eletrónico.
A título de exemplo, quando a Index lançou a Zara em Espanha, muitas pessoas que nunca tinham comprado antes decidiram experimentar e comprar online. A Zara vende moda, sim, mas graças ao seu lançamento muitas pessoas começaram a fazer compras na Internet.
Além disso, é um mercado em que, como na maioria dos países mediterrâneos, as compras por catálogo não estavam muito disseminadas.
A outros níveis o mercado Português é muito idêntico aos restantes. No retail tem a tal maior percentagem de mulheres que compram, em comparação com os homens, mas em termos de evolução do mercado e no resto dos fatores chave analisados por qualquer empresa de ecommerce mostra resultado similares aos observados noutros mercados mediterrânicos.
As maiores diferenças estão na comparação com os países do Norte da Europa. Encontrar trabalho ali é mais fácil, os jovens emancipam-se e têm acesso a cartões bancários mais cedo, a par da maior taxa de penetração da Internet. Logo a compra de produtos online também começa mais cedo.
Em Portugal, e igualmente em Espanha, Itália e França, a faixa etária da nossa compradora tipo situa-se entre os 29 e os 49 anos, enquanto em países como a Holanda e a Bélgica é mais baixa.

TeK: Que marcas têm neste momento disponíveis para Portugal?
T.P.: As marcas variam, dependendo do país e dos gostos dos nossos utilizadores. Em Showroomprive. pt podemos encontrar mais de 1.650 grandes marcas de moda, sapatos, acessórios e acessórios para mulher, homem e criança, cosméticos, decoração, produtos para casa, tecnologia, desporto, saúde, gastronomia.
Para nomear algumas: Moschino, Balenciaga, Kenzo, Cacharel, Diesel, Calvin Klein, Dim, Dolce &Gabbana, Miss Sixty, Adidas, Timberland, Le Coq Sportif, Etam, Crocs, Triumph, Nike, IRO, Elite, Wonderbra, Blackberry, Pierre Cardin, Rochas, entre muitas outras.

TeK: E o que é que os internautas portugueses compram mais?
T.P.: Moda e acessórios (malas, lenços,etc) são as categorias que melhor funcionam no mercado português. Também são muito populares em Portugal as categorias de beleza e cosmética e decoração e artigos para casa.

TeK: O mobile é importante na vossa estratégia?
T.P.: O mobile é muito importante. Fundamental. Ainda agora, a nível geral, obtivemos cerca de 30% das vendas e 40% de visitas através de telemóveis e tablets. Em Portugal estes números giram em torno dos 10%, mas em um ano estarão ao mesmo nível dos outros mercados em que operamos.
Estamos certos de que em alguns meses as visitas e as vendas geradas a partir de dispositivos móveis irão superar as obtidas através de computador portátil ou fixo.

TeK: E as redes sociais são uma aposta com futuro? Para que serve ter um perfil no Facebook?
T.P.: As redes sociais são o canal perfeito para comunicarmos diretamente e rapidamente com os nossos utilizadores e para que eles façam o mesmo connosco. O segredo das redes sociais reside no seu poder de "prescrição"; não utilizamos o Facebook como uma ferramenta de venda, mas sim como um canal de interação para ouvir as propostas e ideias dos nossos utilizadores e potenciais utilizadores.

TeK: Que objetivos têm para Portugal para os próximos meses?
T.P.: O nosso objetivo é ser líder em "vendas privadas" online em Portugal e os nossos investimentos vão nesse sentido. Só em setembro último o site português teve 1,4 milhões de visitas. Contamos atualmente com 500.000 utilizadores registados, número que vai com certeza aumentar com as campanhas de Natal de 2013. Portugal é um mercado chave para a Showroomprive. Em outubro de 2012, pouco tempo depois de termos lançado o site, faturámos em Portugal o que não havíamos conseguido faturar em mercados idênticos. Foi uma surpresa que nos mostrou que o país tem um grande potencial no comércio eletrónico, quando a oferta de marcas e a procura das mesmas estão realmente coordenadas.


Educação em Empreendedorismo

Escrito por Marco Lamas a 29/04/03 em http://www.marketingportugal.pt/artigos/empreendorismo/educacao-em-empreendedorismo
Numa época em que tanto de se fala de Empreendedorismo, da sua importância e na necessidade de o incentivar, penso que se impõe clarificar o que é realmente indispensável à sua promoção.

Defendo que a promoção de um ambiente verdadeiramente dinamizador do Empreendedorismo deve ser baseada e sustentada num programa integrado de nível nacional que integre vários actores relacionados directa ou indirectamente com o Empreendedorismo, num núcleo mais próximo, em plena articulação com os agentes educativos nos vários níveis de ensino, desde o ensino básico até ao ensino superior. Falo de um apoio permanente de entidades ligadas à consultoria e de um apoio técnico necessário aos empreendedores; devem ainda integrar este núcleo mais próximo, as entidades que disponibilizem infra-estruturas como incubadoras, ninhos de empresas e centros de escritórios que viabilizem às empresas nascentes gerir estruturas de custos fixos reduzidas, assim como, usufruir de serviços partilhados. Por último, considero também o financiamento de novos projectos e o papel que o Governo pode ter na criação de condições para que a Banca volte a financiar as microempresas e as PME´s. Entendo ainda que a Capital de Risco e os Business Angels devem assumir o seu papel decisivo e ainda que as entidades gestoras dos sistemas de incentivos possam agilizar e facilitar, não apenas as candidaturas e a sua aprovação, mas também o desbloqueio de verbas após a aprovação.

Neste artigo, vou no entanto focar-me na Educação em Empreendedorismo, um eixo central e fundamental na promoção de uma cultura Empreendedora que não se prende única e exclusivamente com a criação de empresas. As directrizes europeias e nacionais, que têm vindo a ser divulgadas recentemente, não nos permitem esquecer a importância da educação para o empreendedorismo. Por outro lado, as teorias, que enquadram esta temática e propiciam a sua investigação, têm levado à criação de acções de formação e cursos oferecidos aos vários níveis do ensino (básico, secundário e superior).

É urgente dinamizar de forma persistente e sistemática – a educação em empreendedorismo –, sempre numa atitude de melhoria, numa perspectiva mais abrangente e consolidada. Na minha opinião, a educação para o empreendedorismo cria, pela sua natureza, uma cultura educacional que concebe o conhecimento numa dinâmica transformadora e evolutiva, em constantes adaptações e, por isso mesmo, inovadora, exigindo eficácia e eficiência na construção e reconstrução dos saberes, na sua reorganização e adequação, desencadeando uma nova concepção da aprendizagem que se pretende contextualizada, activa e activante, geradora de sustentabilidade.

Sexton & Bowman, já em 1984, defendiam que a educação para o empreendedorismo tem de ser considerada como uma extensão do empreendedorismo, um envolvimento contínuo numa reflexão que desencadeie a relação teoria/prática/teoria.

Por tudo isso, defendo a tese de que é a educação em empreendedorismo que importa difundir – uma educação mais abrangente que abarque o âmbito geral da educação – formal, não formal e informal, que se implemente na educação de uma forma geral e abrangente, envolvendo todos os níveis e todos os sectores, devidamente assente nos quatro eixos – o saber, o saber fazer, o saber ser, o saber estar – a cultura empreendedora.

O empreendedorismo, pela sua natureza – acção, inovação, criação de serviços e produtos –, tem forçosamente de fazer parte da educação geral. Importa que cada aluno desenvolva estas dinâmicas seja em que situação profissional for; por conta própria ou por conta de outrem; cada um de nós tem de agir, sendo convidado a inovar, e a criar, é chamado, no desempenho da sua profissão, a criar serviços e produtos.

Acredito, ainda, que as dimensões que caracterizam o empreendedorismo, por elas próprias, reforçam a dinâmica educativa, na medida em que ajudam a desenvolver o espírito de autonomia, de iniciativa, de decisão, de criatividade, de inovação do indivíduo. Assim, a educação para o empreendedorismo evidencia as dimensões gerais da intervenção, pelo apelo à comunicação e à acção.

Com base em Cooney (2010), proponho uma aposta forte na educação para o empreendedorismo, conduzindo ao desenvolvimento de competências empreendedoras, desde muito cedo, aproveitando as características do ser humano que lhe podem servir de base sustentadora – a criatividade, a inovação, a capacidade de medir o risco, a aptidão para reconhecer e explorar oportunidades, a curiosidade, a propensão para a construção e utilização de redes –, bem como os conhecimentos e habilidades que, ao longo da sua formação, se podem e devem propiciar. Importa começar cedo, logo a partir dos primeiros anos da escola do ensino básico, perpetuando essas condições propiciadoras ao longo da formação. Importa, ainda, que a atitude empreendedora esteja sempre presente no âmbito geral da educação, na educação em geral, e que, sempre que for o caso, a educação em empreendedorismo, suscite as potencialidades empreendedoras do indivíduo, abrindo portas para que especialistas empreendedores possam emergir e actuar.

É desta postura que nasce o modelo de educação em empreendedorismo que defendo. Este modelo de educação em empreendedorismo está alicerçado na oferta de programas de desenvolvimento de competências empreendedoras. Trata-se de um modelo encarado como um processo integrado, considerando como ponto de partida as seguintes perguntas:What?; How?; Who?; e Where?.

What: Promover comportamentos e mentalidades empreendedoras; incentivar a motivação e liderança; incentivar à criatividade, inovação e capacidade de pensar ‘fora da caixa’; desenvolver competências de gestão de complexidade e imprevisibilidade, competências básicas de gestão e finanças; identificar oportunidades, como criar e expandir empresas; desenvolver competências de negociação; desenvolver relações, redes de contactos e capital social.

How: Através de Pedagogias de ensino-aprendizagem interactivas e centradas no aluno; projectos e programas multi-disciplinares; concursos de planos de negócios, jogos, simulações e estudos de caso; uso intensivo de ferramentas digitais, vídeo e multimédia; recurso a novas metodologias como aprender-fazendo, aprendizagem experiencial/laboratórios (tentativa e erro), participar em projectos, estágios em start-up(s), processos de mentoring ebusiness coaching, interacções com empreendedores; Incentivo à aprendizagem ao longo da vida.

Who: Alunos e formandos, professores do ensino básico, secundário, profissional e do ensino superior, formadores e directores/gestores de entidades formativas e educativas, gestores e líderes de outros sectores, empreendedores,mentors e coachers.

Where: Sistema educativo formal em todos os níveis (básico, secundário, profissional e superior), em todas as disciplinas; sistema educativo informal, centros e entidades de formação, centros comunitários, ONG´s, autarquias e empresas.


Partindo de uma análise do contexto socioeconómico actual, verifico que se impõe oferecer experiências e conteúdos que criem o ambiente necessário para as pessoas, no sentido mais abrangente possível, serem suficientemente flexíveis e, daí decorrente, abertas a lidar com a mudança, aproveitando, deste modo, a oportunidade para que possam dar-se bem com os desafios com que se deparam a cada dia.

Finalizo reforçando a minha opção por uma educação em empreendedorismo, o que me leva a empenhar continuamente em contribuir com a experiência prática, o aconselhamento, o conhecimento em acção, o capital social, recorrendo a programas conjuntos, procurando proporcionar valor acrescentado, permitindo o aprofundamento dos conhecimentos, seja de forma experiencial, promovendo resultados de qualidade, seja de forma reflexiva, fazendo avançar a teorização e investigação sobre o tema.

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